O que são as Constelações Estruturais e o que é a linguagem transverbal? Qual foi o protagonismo de Varga von Kibéd e Sparrer?
O casal alemão Insa Sparrer e Matthias Varga von Kibéd desenvolveu uma abordagem construtivista para as Constelações. Eles deram à essa metodologia o nome de Constelações Sistêmicas Estruturais ou apenas Constelações Estruturais e a autodenominaram SySt®, termo este que registraram e passou também ser o nome de seu instituto.

Segundo Varga von Kibéd e Sparrer, existe uma linguagem transverbal que é expressa nas Constelações Sistêmicas Estruturais. Este casal tratou de entender esta linguagem e traduzi-la através de uma gramática própria, que facilita sua interpretação. Em suas publicações, Sparrer diz que “a construção de um sistema de regras gramaticais com a atitude focada em solução distingue esta abordagem de outras formas de Constelações”. Eles desenvolveram a teoria e a prática de mais de 80 tipos de Constelações Sistêmicas Estruturais, que foram publicadas, desde 1994, cada uma com sua gramática comum e metodologia.
Quais as fontes e raízes do trabalho de Insa e Matthias?
De acordo com o instituto SySt®, as fontes e raízes das Constelações Estruturais são:
”A. A obra de Virginia Satir sobre reconstrução familiar e a escultura familiar, onde a atitude e imagem das pessoas é crucial para o trabalho em Constelação Estrutural.
B. A hipnose Ericksoniana, que é distinta para o uso na linguagem de Constelações Estruturais.
C. O trabalho de Constelação Familiar, cujas raízes são reconhecidas entre outros a Thea Schöenfelder, Ruth McClendon e Les Kadis. Assim como da origem da ideia de solidariedade transgeracional, do equilíbrio entre dar e receber e a reinterpretação econômica do conceito de culpa (com raízes em Martin Buber) de Ivan Boszormenyi-Nagy, que, em seguida, encontrou seu caminho e foi remodelada nas Constelações Familiares de Bert Hellinger e nas Constelações Organizacionais Clássicas, atribuídas principalmente a Gunthard Weber.
D. A metodologia de atitude focada em solução da Escola de Milwaukee, que é baseada nas ideias de Steve de Shazer e Insoo Kim Berg.“
A linguagem transverbal
No entendimento da linguagem transverbal está uma das grandes diferenças entre o trabalho de Bert Hellinger e a obra do casal Insa Sparrer e Matthias Varga von Kibéd. Através dessa sintaxe e gramática próprias é possível compreender os fenômenos citados por Hellinger. Os representantes em uma Constelação Estrutural trabalham muito com sua percepção, que é diferente das sensações, presentes no trabalho clássico das Constelações Familiares.

Disse Guillermo Echegaray em sua obra Para Comprender las Constelaciones Orgnizacionales: “O conceito da linguagem transverbal inclui ao menos três elementos:
1. É uma linguagem que engloba o verbal e o não verbal.
2. É uma linguagem falada por um grupo e não por um único ser.
3. É uma linguagem baseada nas diferenças em percepção representativa.
A ideia da transverbalidade vai mais além do conceito de linguagem não verbal. (…) É uma linguagem que vai se construindo entre todos (…) Se trata verdadeiramente de uma linguagem grupal. ”
“Falar de percepções e não de sentimentos ajuda a descontaminar as Constelações de elementos incontroláveis. ”
A ocorrência desta linguagem transverbal está em tudo o que pode ser observado em uma Constelação Estrutural. Desde a entrada dos representantes no “campo”, tanto a ordem como o posicionamento dos mesmos; passando pelos interespaços que existem entre cada elemento, até as percepções de cada representante e do facilitador. Frases ditas, olhares, conexões, incômodos, contato, distância e proximidade. Tudo faz parte desta linguagem.
A Constelação Estrutural em si
De uma maneira prática a condução de uma Constelação Sistêmica Estrutural é semelhante a uma Constelação Familiar Clássica. Uma pessoa sem profundos conhecimentos da área, e que participe de uma e de outra, talvez não perceba grandes diferenças no andamento de cada uma delas e imagine que a variação de um para a outra se deva apenas à pessoalidade de condução dada pelo facilitador.
A série de publicações, da qual faz parte este post, foca o uso das Constelações em organizações. Contudo é importante que o leitor tenha ciência de que as Constelações Estruturais podem ser usadas para diversas abordagens: sistemas de problemas, espaço de trabalho, situação familiar, estados psicossomáticos, valores e crenças.
Insa e Matthias citam o filósofo austríaco Wittgenstein que, em uma de suas frases resume bem o resultado de uma Constelação Estrutural: “A solução para o problema se vê pelo seu desaparecimento. ” Ou, numa reinterpretação da mesma frase: Nas Constelações Estruturais os problemas não se resolvem; desaparecem.
Se quiser conhecer todos os posts que publicamos a respeito deste tema, bem como nossas referências bibliográficas, consulte o link abaixo:
Constelações Organizacionais: guia de referência rápida